O InstáVel EquilíBrio Das PaixõEs Flutuantes by Caio Bov - HTML preview

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Reciclo Ltda.

1,9% a.a

a tribo dos retardados não conhece o poder

da curva exponencial

quanta papagaiada,

é inezorável,

não há o que faxer

quando você iluminar seu mundo,

depois, ao sair,

não esqueça

de apagá-lo.

UCI

uma

base segura de sustentação

não faltar

as pequenas e fúteis obrigações do dia a dia

todos os dias

REDUZIR ao máximo

o número delas

prontamente,

o mais rápido possível

Livrar-se dos

minutos que lhe restam

e antes do final da

morte

tentar viver.

Rico Fel

há uma cena no

AMARC

R O

C R

O D

R

em

que o

louco – tomado por toda a família como um

sábio incompreendido –

dá o seu show

depois volta para

o hospício

E a

Família Volta

para a

sua

casa.

Sentido

as coisas mais súbitas e,

inesperadas,

elevam e fodem a vida

esse sono e essas flores de agonia

e em cada dia

não ouvimos a verdade da noite

e se eu te vejo indo a nocaute

morta, suja, derrotada

o que eu posso fazer?

se eu mesmo,

mesmo sem querer

sou o teu próprio

adversário

Panis et Pinacoteca

tentando enxergar

quando a maior vitória

é viver sem me preocupar

com coisas mais importantes

do que o preço do pão

e não haverá poema

que recupere a alegria

da visão que tive

ao ver aquele quadro

onde a dona de casa

e o matuto

cantavam e tocavam felizes

do alto de suas

janelas.

p-book

vende-se à vista

vende-se um notebook,

velho e de segunda mão.

o dono é um pangaré

morto

covarde

casado

vende-se à vista

vende-se todos os erros de

uma vida

as infantilidades

os medos

as inseguranças

vende-se à vista,

o desejo implacável

vende-se à vista,

na troca de mostruário,

o que os olhos jorram

os ouvidos soam

o que a derme verme

o coração golpeia

o que os músculos comprimem

e a vida amarga

Solidão

de injúrias diárias

pelo vermelho do semáforo

sigo caminhando,

já que não tenho carro.

do peso do mar morto

as vigas da vida que azedou

sigo suportando,

já que não tenho músculos

e pedestrando estéreis cemitérios

em viadutos de palmilhas usadas

sigo sabendo,

que sempre há um alívio,

já que não tenho asas.

Não se iluda

apenas como uma extensão

um ramal

um meio para que

ele alcance

seus desejos

exceção à raposa

ou ao seu marido;

já que querem

ter filhos

os filhos apenas como uma extensão

um ramal

um meio que a natureza encontrou

para que ela alcance

seu desejo.

Descanso

muitos tijolos de sopro

um grosso muro de arrimo

quatro paredes de estopa

e um telhado de esperança

cada um inventa uma verdade para si mesmo

e segue mentindo

Depois vem o coveiro,

sábio, tranqüilo, alegre e

verdadeiro

e joga uma pá de cal,

nisso tudo.

Resposta

As ruas,

cravejadas de ornatos silenciosos,

observam e sentem

os passos atormentados das almas mortas.

As ruas, repugnantes e assustadoras,

não são as culpadas pelo caos da vida urbana.

apenas vítimas

desse continuum absurdo

do egoísmo humano.

Em meio ao caos sonoro,

são cúmplices mudas

desse esgotamento de possibilidades

O que é isso, ou por quê?

talvez olhando para os bichos,

quase humanos,

que andam sobre algumas delas,

quem sabe,

algum dia,

quem sabe alguma viela perdida,

sem saída,

em algum buraco periférico,

tenha encontrado

a resposta

Ninfomania

uma ninfeta de quarenta anos,

cheguei

a pensar,

no começo,

que minha

esposa

fosse

ninfomaníaca.

Um homem pode

até

gostar muito

de sexo.

Até mais do que uma mulher.

Cheguei

a comer

duas mulheres

no mesmo

dia

Mas isso quando eu era jovem,

e eram duas mulheres diferentes.

Hoje, PELO AMOR DE DEUS

Estou ficando calvo e barrigudo

E casado.

Minha mulher sempre me cobra

sexo.

Duas vezes seguidas

Duas vezes por dia.

Disciplina

enfadonho e cansativo

estes jornais minotauros

e estas bestas azuis

estes livros no armário

o vai e vem indistinto

o vem e vai transviado

o oscilantes das horas

os raios brancos que surgem

as pulgas bem-aventuradas

o quadro-negro do inferno

o diabo o incensário.

os autos,

moveis e parados

as bruxas as professoras retumbantes

os alunos retardados

anos que vêm e vão

discentes que vão e vêm

e os deuses que não alimentam

as docentes que comem bem

a DIREÇÃO covardia

os alunos traficantes

a balbúrdia a fantasia,

o riso delirante.

Cobras cascáveis

aranhas lobo, armadeiras

Pestilência nos armários

o Estado,

uma caveira

o governador, o secretário

as bichas que vêm e vão

os covardes que vão e vêm

a língua excelsa, a assinatura

o DIÁRIO,

a exoneração.

Óxido de ferro

uma nuvem de informações.

é possível que

tudo o que já escrevi

– e o que escrevo agora –

possa ser

lido, copiado, analisado e

plagiado

por algum

servidor central

nessa nebulosa de registros,

minha voz se perde

messenger, orkut, facebook

ou qualquer outro diabo

de rede social

Meu nome é Caio,

não sou um peixe.

De onde venho,

os rios são de sangue

e minha espada não é capaz de rasgar

qualquer rede

de ignorantes

Didática

eu me pergunto:

por que tudo que tocam tem que se

vulgarizar?

chegaram tarde demais,

ainda assim,

pensam que são generais

os alunos não entendem.

infantis e mimadas

histéricas e coléricas

e vai chiar para ver o que é bom pra

tosse.

quando muito, covardes.

Rui Bloem e Alípio

Mirandópolis e Taboão

Os dois diretores são homens

As duas melhores escolas.

que bosta que a maioria das diretoras

sejam mulheres

que bosta que a maioria das professoras

sejam homens.