Encontro de Pensamentos by Guilherme Palacios - HTML preview

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VAMOS CONTAR OUTRA HISTÓRIA, NÃO O DEPOIS, O ANTES

 

Um jovem poeta conheceu uma linda menina, seu amor era cultivado nas suas palavras que desenhavam uma história de amor. Nessa história de amor, nunca imaginara que teria outros interessados naquela menina meiga e angelical. Sem dúvidas, quem olhava para a menina diria que era um amor de pessoa, prestativa e acolhedora em seu jeito de tratar as pessoas.

 

Lembrei-me do mito de Orfeu, um jovem poeta que perdeu sua amada pela picada de uma cobra em seu tornozelo. E que foi buscar nas trevas a sua alma. Por olhar nos olhos perdeu sua amada para as trevas. O que será que Orfeu enxergou em Eurídice?

 

Mas gostaria de dizer o nome dessa menina. Ou de mostrar a sua fotografia.

E, quem sabe, você a conheceria e poderia dizer que o jovem poeta está louco por dizer tais asneiras e calúnias de uma menina nobre, frágil e pura.

Eu a conheci, também, conheci o jovem poeta.

 

Confessou-me o jovem poeta o que aconteceu com a sua amada, deu-me a permissão de contar sem os detalhes que arrepiariam, contarei, sem abalar, sem atormentar, essa sucinta história de amor.

 

Ele sempre estava esperando pela jovem. Um acompanhante de seus passos, de seus sonhos, de suas vontades e desejos.

Cultivava o amor pela jovem. Um amor que a colocava em primeiro plano na sua vida. Por ela, abandonou seus pais. Por ela, escrevia poemas de amor, emocionantes e cheios de sentimentos puros de uma nobre.

 

Conheceram-se de uma forma muito enigmática.

 

Ele andando pela rua sem rumo e compondo versos. Ela indo comprar pão na padaria...

Caminhos estreitos. Caminhos de uma estrada que seria trilhada um ao lado do outro. Um caminho para encontrar o fim do arco-íris, um caminho de felicidade e de alegrias. Um caminho de amor.

 

O sorriso da menina derreteu o coração daquele jovem virgem. Seu coração pulsou forte. Seu corpo esquentou e esfriou, esquentou e pulsou, esfriou, um frio na barriga, uma tremida nas pernas, um suor corria pelo rosto, seus olhos encontraram os olhos da jovem, com aquela menina ele esperava ter filhos e uma família. Ela o ensinou, ensinou o que era amar, a desejar e a satisfazer os seus prazeres naquele quartinho, na penumbra ou no claro.

 

Que triste fim, depois de todos aceitarem aquele jovem poeta como parte da outra família.

Depois de anos de namoro, de noivado, de casamento.

 

[A tormenta chegou.]

 

O coração da menina esfriou. Precisava encontrar alguém, um homem sem pudor. Vários cafajestes?

 

Discussões e brigas, aquela menina não teve filhos, o jovem poeta ficou na ilusão de escrever.

 

Não aconteceu o que ele planejou. Seus poemas se tornaram piegas e sem graça. A fonte de inspiração acabou. Seu suplício se tornou realidade, do seu lado uma jovem rancorosa e cheia de si, independente de todos, orgulhosa de conseguir ir além do que era antes de conhecer aquele poeta fracassado e sem notoriedade.

 

Aquela moça, uma mulher, decidiu mudar de vida. De princesa para uma vassala; não, pior que isso, uma devassa que buscava seu prazer. Seu corpo a pertencia e fazia o que bem queria com aquele corpo que um dia foi inocente, ninguém saberia, ninguém desconfiaria de uma figura angelical, meiga, decidida e frágil.

 

Escondia de todos e do jovem poeta a sua verdadeira personalidade, seus desejos que a levaram para as trevas e para a perda de sua nobreza. Escondia de si

o seu verdadeiro self. Enganava a todos com seu

jeito de menina.

 

Um dia, ela telefonou para aquele jovem poeta e lhe disse:

 

Ele comprou um som, uma casa e guardou dinheiro. Estou indo embora e nunca mais me procure. Nunca mais venha conversar com meus pais. Nunca mais olhe em meus olhos. Não quero te ver nem pintado de ouro. Você é passado. Serei feliz com ele, vou casar e viver bem. Você seja feliz. Feliz com suas poesias. Feliz com a sua vida de sonhos e de ilusões. Não me procure. Vai perder seu tempo. Adeus.

 

[Continuação: Vamos contar outra história, não o

antes, o depois.]

 

O jovem poeta não conseguiu mais escrever, suas poesias se tornaram sem vida e sem emoção. Sua vontade era de morrer. Por dentro, seu ser foi estraçalhado em pedaços. Viveu por muito tempo sem querer conversar. Viveu no exílio. Viveu com o passado de sua amada, das lembranças e dos melhores momentos que tiveram juntos naquela pequena família.

 

Os detalhes dessa história vou preservar, oh, que triste foi para o meu colega!

 

Aquele jovem poeta, quem diria, não acreditei que ela fosse capaz de trocar o seu amor pelos bens materiais. Depois de vinte anos dessa história, um dia eu a vi, a sua ex-mulher jovem, linda como sempre, pura e elegante, no mercado, fazendo compras de mãos dadas com seus filhos, e na frente o dono do seu pedaço de corpo, um rico empresário, cheio de dinheiro e dono de uma linda mulher.

 

E, para finalizar, no final daquele ano, o jovem poeta, agora de poucos cabelos, ganhou um troféu na categoria “poesia melancólica”.

 

Troféu ganho pela poesia:

 

Um dia estarei com você!!!”

 

[Um troféu em homenagem ao maior poeta

talentoso desse concurso, uma obra de arte,

construída em metal, de cobre e ouro, uma lira com o

busto de Orfeu, enfeitado com galhadas vistosas de

um grande Alce.]