Encontro de Pensamentos by Guilherme Palacios - HTML preview

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NÃO ESPERAVA UM FINAL FELIZ

 

No fim, acontecerá o que não prevíamos, final feliz ou final infeliz, ou um final de não continuar a história particular e singular de uma vida.

Um fim existe? Um fim de um ciclo? Um fim de uma jornada? Um fim de semana? Um fim de uma atividade? Um fim de uma conversa?

Um fim entre muitos “fim”, infinitos “fim”, uma eternidade de “fim”, um conjunto infinito de “fim”, o final supremo de nossa existência material um dia chegará com a morte de nosso corpo biológico, deixaremos algo de nós, enfim, uma história e cultura para outros continuarem o que foi herdado.

 

Um final feliz?

Um dia termina, vem o cansaço e dormimos para restabelecer nossas energias, um tempo para o organismo absorver nutrientes e redistribuir esses pacotes de energia, popularmente, pacotes de gordura.

Apenas isso acontece em nossas vidas? Homens-máquina que trabalham para construir algo, se alimentam e depois descansam para recuperar seu corpo, um processo infinito de regeneração de energia que um dia encontra a sua finitude?

 

Sentado, olhando a praia à noite, sem palavras, sem conversa, queria continuar ali, sentado, observando o tempo passar, assistir à vida humana dos outros que passavam por mim. Casais de mãos dadas, velhinhos de mãos dadas, garotas de mãos dadas, garotos de mãos dadas, grupos de jovens, estrangeiros conversando em seus idiomas, corredores, bicicletas indo e vindo e chega um que vai e volta para conversar:

 

Tenho alguns centavos, você me dá 20 centavos para completar, me ajuda, preciso de um barrigudinho, preciso completar o que eu já tenho.

 

OK. Não tenho 20 centavos, mas, espera, vou ver o que eu tenho.

 

Quem saberia me dizer o que seria esse barrigudinho? Uma garrafinha de pinga? Um peixe? Muitas possibilidades passaram naquele momento, confesso, todas foram pessimistas em relação àquela pessoa sujeita que está à margem da sociedade.

 

Levantamos do banco, o clima começa a mudar, o que antes era um lugar tranquilo começa a ficar diferente, as pessoas mudam e outras começam a frequentar as vizinhanças. Eu estava esperando amanhecer e encontrar o nascer do sol. Mas minha convidada dizia para ir embora daquele lugar, não queria ver o nascer do sol e muito menos ficar vulnerável a alguma abordagem que colocasse a gente em risco de encontrar o fim supremo.

 

Antes de tudo, na pinacoteca, ao ouvir Lee, despertou a tietagem na convidada, disse que nos finais dos anos 70 era o grupo que curtia e que até um bolachão do grupo possuía. E a surpresa de ouvir e ter um autógrafo, um final feliz.

 

Meu final feliz, além de estar na pinacoteca, muito nada a ver, foi o de descobrir o que era o “barrigudinho”.

 

O “barrigudinho” para aquele andarilho, excluído, velho, solitário, ou uma pessoa à margem da sociedade, era um lanche para deixar ele “barrigudinho” e não ficar com fome.

Vi a sua felicidade ao comer um lanche e tomar um refrigerante.