Encontro de Pensamentos by Guilherme Palacios - HTML preview

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ANÁLISE DE UMA PROPAGANDA

 

(Texto original de 2010 – revisitado em 2016)

 

A indústria cultural de múltiplas formas subjetivas pode aproximar nosso pensamento da realidade concreta a respeito do que seja em nossas vidas. Entender na atualidade requer compreender as suas nuances subjetivas, um meio de controle do sistema capitalista que envolve o mundo real do mundo virtual, o real com o espectro de seu reflexo, a subjetividade composta de desejos de uma realidade virtual à qual não nos pertence, nossos reflexos e espectros se tornaram aquilo que não somos no mundo concreto. Vivemos de ilusões que nos anestesiam do mundo concreto, um meio de formação da alienação ideológica e de dominação das massas.

A propaganda é o veículo necessário para a subjetivação de valores predeterminados pelas elites econômicas do mundo capitalista. Esses valores são tecidos na realidade do imaginário social como algo de verdadeiro, substituem ou incorporam nas doutrinas religiosas a doutrina do consumo como fonte de prazer e de fetiche de um mundo ideal.

 

Uma propaganda de venda de um carro, o que nos diz? Quais são os valores que nos são impostos como verdades? O que se transmite de valor para as massas formarem um senso comum?

Alienação e desejo de possuir um bem, nas propagandas podemos observar valores e a ideologia que as forma para termos uma concepção de mundo.

 

Perguntas como: Qual o seu projeto de vida para daqui 5 anos?

 

Poderá ter respostas que imprimem valores para a sociedade. Nessas respostas, a subjetividade indica: a luta e competição entre gêneros sexuais, os padrões de moda para vestir-se bem, a reunião de pessoas para se falar de negócios, que um carro de luxo significa a concretude de seus sonhos de vida, que um carro é um símbolo de afirmação de seu status

e classe social. Uma manipulação de valores nos bombardeia constantemente para acreditarmos num padrão de vida.

Faça um teste, ande de ônibus, viaje para o interior de São Paulo ou para um lugar onde você é conhecido. Aqueles que te conhecem farão uma primeira pergunta:

 

“O que aconteceu com o seu carro, por que veio de ônibus?”

 

Perceba que há a relação da indústria cultural com a formação do imaginário social, as propagandas são o veículo para a alienação social, o bem-estar de uma pessoa é medido pelo que ela possui e mostra para a sociedade e no mundo virtual das redes sociais a sua vitrine.

Quando vou para uma cidade pequena, com uma praça principal e algumas ruas, podemos ver que a maioria ostenta uma roupa nova, um objeto como o celular e quem pode ter um carro novo como símbolo de sua ascensão social. Andar a pé seria desprestígio e sinônimo de pobreza.

Sinceramente, há novas formas de dominação das massas, a ditadura econômica, aquele que tem dinheiro é o novo coronel dos tempos modernos, a política participa desse jogo social de dominação e fetiche masoquista de controle social. Assistimos ao caos como algo que um dia passará, aceitamos esse mundo por não termos forças para lutar contra, passivamente lutamos por nós mesmos para sobrevivermos nesse mundo concreto.

Precisamos definir o que vem a ser massa, não podemos pensar que sejam apenas os pobres, mas podemos pensar que é o conjunto de uma população que compartilha valores comuns. Por outro lado, partindo de uma relação masoquista, esse compartilhamento gera prazer e deixa uma esperança nas pessoas de assumirem aquele papel que não as pertencem, o papel de dominador.

A alienação tece na subjetividade um inconsciente do mundo concreto, as aparências são superficiais, as relações humanas almejam ser um consumidor, cria-se a necessidade de ser consumidor, novos juízos de valores são subjetivados neutralizando: a crítica, a consciência singular, a autonomia e a capacidade de criação. As percepções de mundo são alienantes, a ficção novelística se torna as realidades que as massas querem como suas, mas não possuirão.

 

Somos sujeitos anestesiados de uma sociedade

 

Felizes são os outros que vivem e participam dessa sociedade do consumo.

 

 

Para um aprofundamento no assunto, livros de Theodor

Adorno.